O que é viver?
É ter um lugar na sociedade, sonhos, objetivos, meios para conquistá-los, é ter amigos, é trabalhar para poder pagar as contas e se divertir, é sorrir, é chorar, é superar e seguir em frente. O desânimo surge, é normal, mas passa rápido e bola pra frente. Um dia de cada vez, aprendendo com os erros do passado, vivendo o presente e planejando o futuro.
O que é sobreviver?
É "vender o almoço para comprar a janta", sem planos para o dia seguinte, o único objetivo é somente satisfazer três das necessidades básicas do ser humano, comer, beber e dormir. O que vier a mais é lucro, é uma surpresa.
Quando o viver vai se deteriorando e começa a sobrevivência?
Eu já trabalhei em um Centro de Acolhida para adultos, conheci algumas pessoas e tenho minhas teorias.
Essa foto é muito triste.
Fiquei pensando como essa Senhora foi parar nessa calçada? Na Avenida Cruzeiro do Sul, próximo à Avenida do Estado, em São Paulo. Não vou colocar no steemit world map porque certamente esse não é um local fixo dessa Senhora.
Ela não tinha acabado de sair de sua casa e foi para a calçada.
Geralmente as pessoas em situação de rua são, ou se tornam, doentes mentais e usuários de drogas e álcool.
A família que é a primeira referência social de uma pessoa, também é a primeira a abandonar. Após inúmeras tentativas a família acaba abandonando, para não deteriorar toda a saúde emocional da instituição família, a pessoa acaba sendo abandonada.
Daí pra frente a pessoa em situação de rua, abandono, complica, começa a:
Perder a confiança nas pessoas. (Se até a família abandonou, não acreditou, essa pessoa vai acreditar em quem?)
Perder a auto estima, depois de estar suja (corpo, roupas, cabelos, unhas...), o espelho passa a ser um castigo.
Perda da identidade, se você pensou no RG, a maioria também não tem, mas não é essa identidade que eu me refiro, a pessoa começa a perder o seu nome, seu sobrenome, de onde veio... Quem ela é?
Perder a sociabilidade, a capacidade de conversar, interagir na sociedade, de fazer parte mesmo, de poder ser atendida em um hospital, tomar uma vacina, poder estudar...
Tudo culpa de anos de uma constante rejeição familiar, comunitária e social.
Voltem para a foto da Senhora. O que ela está fazendo?
Entretida com um jornal, não está nem ai para o resto do mundo, ela se fechou em seu próprio mundo. Foi obrigada, o mundo se fechou para ela primeiro, a rejeitou primeiro, ela só se cansou de continuar a ser rejeitada.
Tem como ajudar?
Sim, sim e sim
Alguém já viu um grupo distribuir alimentação para as pessoas em situação de rua?
O grupo vai lá todo solidário e faz a distribuição, isso é ótimo. As pessoas formam um fila, pegam a sua refeição, algumas agradecem, e vão se afastando, cada um come no seu canto ou em pequenos grupos.
Esses grupos ajudam muito, são pessoas maravilhosas que enxergam os "fantasmas da sociedade".
Mas é preciso mais, muito mais, como o pessoal do Serviço gosta de falar: "Faltam políticas publicas".
Faltam grupos de profissionais para fazer o caminho inverso, resgatar as perdas, da identidade, da autoestima, sociabilização, a confiança.
Existe na assistência social, o Serviço Especializado em Abordagem Social, que consiste em retirar as pessoas em situação de rua e levá-las para um Centro de Acolhida. Legal, mas o serviço garante vaga somente para uma noite, tem pessoas que se recusam a ir, pessoas com animais (tem um serviço em São Paulo que aceita animais, um só), o Centro de Acolhida fica muito longe...
O grupo tem que atuar in loco mesmo, pegar na mão da pessoa literalmente e ir junto com ela, buscar os seus direitos.
É um trabalho árduo, de formiguinha, muitas vezes frustrante, mas, infelizmente necessário.
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Bom artigo Erich, só não sei se concordo que a solução seja ficarmos esperando iniciativas publicas... Tem q ter um jeito melhor